segunda-feira, 24 de maio de 2010

Lavar os alimentos retira os resíduos de agrotóxicos?

Uma dieta balanceada pressupõe o consumo de frutas, legume e verduras, mas um jovem vilão vem assombrando esses alimentos e transformando essa dieta em pouco saudável: os resíduos dos agrotóxicos.

Para monitora os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos que chegam à nossa mesa e adotar medidas de controle, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa coordena o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos. Em conjunto com os órgãos de vigilância sanitária de 25 estados e o Distrito Federal, eles realizam coletas de 17 tipos de alimentos – entre frutas, legumes e verduras – nos supermercados para análise nos laboratórios, desde 2001.

A o resultado análise – 2001 a 2008 – mostrou que produtos que freqüentam cotidianamente nosso cardápio apresentaram resultados insatisfatórios, ou seja, tinham amostras com ingredientes ativos de agrotóxicos acima do limite máximo de resíduos permitidos ou resíduos não autorizados para uma determinada cultura.

Diante desse cenário, fica a pergunta: Lavar retira os agrotóxicos dos alimentos? De acordo com a nota técnica da Anvisa, a resposta é: Não Completamente. O processo de lavagem dos alimentos contribui para a retirada de parte dos agrotóxicos.

Isso se explica porque em alguns casos os agrotóxicos são absorvidos pela planta, penetrando em seu interior através de suas porosidades. Uma lavagem dos alimentos em água corrente só poderia remover parte dos resíduos de agrotóxicos presentes na superfície dos mesmos.

Quando os agrotóxicos são absorvidos por tecidos internos da planta, caso ainda não tenham sido degradados pelo próprio metabolismo do vegetal, permanecerão nos alimentos mesmo que esses sejam lavados. Neste caso, uma vez contaminados com resíduos de agrotóxicos, estes alimentos levarão o consumidor a ingerir resíduos de agrotóxicos.

De acordo com os conhecimentos científicos atuais, se ingerirmos quantidades dentro dos valores diários aceitáveis (IDA) não sofreremos nenhum dano à saúde. Existem estudos que indicam que, se ultrapassarmos essas quantidades, as conseqüências poderão variar desde sintomas como dores de cabeça, alergia e coceiras até distúrbios do sistema nervoso central ou câncer, nos casos mais graves de exposição, como é o caso dos trabalhadores rurais.

Em geral, esses sintomas são pouco específicos, não sendo possível determinar a causa numa avaliação clínica. Tudo isso vai variar de acordo com diversos fatores, tais como: o tipo de agrotóxico que ingerimos, o nível de exposição a estas e outras substâncias químicas, a idade, o peso corpóreo, tabagismo, etc.

Para o registro de agrotóxicos no país, é exigida pelas autoridades regulatórias uma série de estudos com o objetivo de definir o grau de relevância toxicológica do agrotóxico em relação ao uso, aos limites de resíduos e ao consumo diário. O Limite Máximo de Resíduo (LMR) permitido é expresso em mg/kg da cultura e a quantidade diária segura para o consumo (Ingestão Diária Aceitável-IDA) é expressa em mg/kg de peso corpóreo. Os dados para cada ingrediente ativo estão publicados no link http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/index.htm.

De acordo com a Anvisa, para diminuir a ingestão de agrotóxicos o consumidor pode optar por alimentos certificados como, por exemplo, os orgânicos, e por alimentos da época, que a princípio necessitam de uma carga menor de agrotóxicos para serem produzidos. A orientação é procurar fornecimento de produtos com a origem identificada, pois isto aumenta o comprometimento dos produtores em relação à qualidade dos alimentos, com a adoção das boas práticas agrícolas.

De acordo com a Gastrônoma e Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Sandra Borçoi, um caminho cada vez mais freqüente no mundo da Gastronomia é o “Slow Food” que é um movimento que incentiva o consumo de produtos orgânicos e a valorização das pequenas produções, dos produtos locais, para levar, novamente à mesa de todos, produtos de qualidade que não causem danos a saúde.

A Agência alerta que realizar os procedimentos de lavagem com soluções de hipoclorito de sódio (água sanitária ou solução de Milton) que devem ser usadas para a higienização dos alimentos na proporção de uma colher de sopa para um litro de água tem como objetivo apenas de matar agentes microbiológicos que possam estar presentes nos alimentos.

Fonte: Portal do Consumidor

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